É comum nossos irmãos protestantes afirmarem que a Maria teve outros filhos além de Jesus, baseados em versículos como Mt 12,46-50; 13,55; Mc 3,31-35; Lc 8,19-21; Jo 2,12; 7,2-10; At 1,14; Gl 1,19; 1Cor 9,5. Vejamos como exemplo Mc 6, 3:
“Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?"
O que dizer?
A expressão "irmãos de Jesus" foi concebida, não em ambiente grego, mas no mundo semita, onde a língua falada era o aramaico. Ora, em aramaico (e também em hebraico), a palavra "irmãos", designa não somente os filhos dos mesmos pais, mas também, os primos ou até parentes mais remotos. No AT há 20 passagens que atestam o amplo significado da palavra "irmão".
O uso dos termos "irmãos e irmãs" de Jesus, na verdade, designam simplesmente que se trata de parentes de Jesus, pois o termo hebraico "ah" (traduzido por "irmão") possui este sentido amplo. Portanto, não eram filhos de Maria, mas sim parentes de Jesus, provavelmente seus primos.
Jesus, ao aparecer a Maria Madalena, pediu que ela fosse e anunciasse seus “irmãos”. Madalena foi e anunciou aos discípulos que Jesus tinha ressuscitado (Jo 20, 17-18). Observamos a própria Bíblia deixar claro que Tiago, José, Judas e Simão não eram irmãos de sangue do Senhor:
a) Tiago, também conhecido como Tiago Menor, era primo de Jesus (Jo 19, 25);
b) Judas Tadeu, se mostrou irmão de Tiago (Jd 1, 1)
c) José é descrito pelo Evangelho como irmão de Tiago e Judas, filho de outra Maria e Cléofas (Mt 27, 56)
d) Simão, por sua vez, é identificado como irmão de Tiago, Judas e José. Portanto, primo de Jesus.
A Sagrada Tradição da Igreja sempre ensinou a Virgindade perpétua da mãe de Nosso Senhor. Eis alguns testemunhos dos primórdios do cristianismo:
Santo Inácio de Antioquia ( Século I ): "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" (Carta aos Efésios, PG. V, 644 ss.)
Santo Irineu (130 a 203 dC): "Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem". (Contra as Heresias)
Santo Atanásio (295 a 386 dC): "Jesus tomou carne da SEMPRE virgem Maria".
Dídimo (386 dC): "Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada". ("A Trindade 3,4")
São Jerônimo (340-420 dC): "Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos".
Santo Agostinho (354 a 430 dC): "Então, o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De modo algum! (...) Qual é, pois, a razão de ser da expressão "irmãos do Senhor"? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria". (Comentário do Evangelho de São João, X, 2)
Santo Agostinho: "Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu". (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107)
Até mesmo os reformadores protestantes professaram essa fé:
Martinho Lutero:
Sobre Mt 1,25: "Destas palavras não se pode concluir que após o parto, Maria tenha tido consórcio conjugal. Não se deve crer nem dizer isso." (Obras de Lutero Ed. Weimar, Tomo 11, p.323)
No fim de sua Vida: "Virgem antes, no, e depois do parto, que está grávida e dá a luz. Este artigo da fé é milagre divino." (Sermão Natal 1540: WA 49,182)
João Calvino:
"Jesus é dito primogênito unicamente para que saibamos que Ele nasceu da Virgem" (CO 45,645)
"Certas pessoas têm desejado sugerir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve outros filhos além do Filho de Deus, e que José teve relacionamento íntimo com ela depois. Mas que estupidez! O escritor do evangelho não desejava registrar o que poderia acontecer mais tarde; ele simplesmente queria deixar bem clara a obediência de José e também desejava mostrar que José tinha sido bom e verdadeiramente acreditava que Deus enviara seu anjo a Maria. Portanto, ele jamais teve relações com Maria, mas somente compartilhou de sua companhia... Além disso, N.Sr. Jesus Cristo é chamado o primogênito. Isto não é porque teria que haver um segundo ou terceiro [filho], mas porque o escritor do Evangelho está se referindo à precedência. Assim, a Escritura está falando sobre a titularidade do primogênito e não sobre a questão de ter havido qualquer segundo [filho]" (Sermão sobre Mateus, 1562).
Zvínglio:
"Creio firmemente que, segundo o Evangelho, Maria, como Virgem pura, gerou o Filho de Deus e no parto e após o parto permaneceu para sempre Virgem pura e íntegra." (Zvínglio Opera 1,424)
"Os irmãos do Senhor eram os amigos do Senhor" (ZO 1,401)
Não tenha medo de amar Maria!
A virgindade perpétua de Maria é uma verdade de fé. Constitui-se um dogma aclamado desde o cristianismo primitivo e confirmado pelo papa Paulo IV na Constituição Apostólica Cum quorundam de 7 de Agosto de 1555, no Concílio de Trento.
Jesus veio até nós através do seio virginal de Maria. E é através de Maria que nós vamos até Jesus.
Por Veritaris Splendor
Com alterações da Equipe Missão Fides in Deum
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